Preciso chorar,
preciso me rasgar e desfazer-me em luto.
Preciso lembrar , reconhecer você em mim...
Silenciar a mente e não fugir das lágrimas...
Porque vem a culpa, e é preciso se perdoar.
Quando alguém morre próximo a ti, morre também algo em você. É preciso que essa parte em ti que morreu, ressucite....
Mentira, é mentira; não dá para substituir pessoas, são insubstituíveis.
Creio na ressurreição e no Céu, mas não creio que o fato de saber que o outro foi para um bom lugar faça com que não se sinta dor e que não se sinta a perda. Não me venham com frases prontas; calar nessa hora é melhor do que dizer asneiras-chavônicas...
Meu Padinho, tô com saudades...
Não deu pra dizer adeus, nem até logo e muito menos te amo... aaaah, nem deu pra dizer obrigado. Mas óia, amo ocê, em mim você mora e é grande. Tudo que você falou e me ensinou, tenho buscado pôr em prática: sua bondade e disposição de sempre ajudar e partilhar, mesmo quando só se tinha uma sardinha e dez pessoas; você entendeu o milagre da multiplicação.
Obrigado pela influência no time de futebol. Nosso time não anda bem das pernas por agora, mas tudo bem, coração de torcedor é coração de fé.
Obrigado pelas sardinhas, pela crença nas minhas escolhas, pelos risos, pela coragem, honestidade e esperança.
Agora já no encontro com o Outro, seu coração fica em paz e a ausência de respostas não angustia, mas acalma.
Até, meu padinho!
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Não deu pra dizer adeus
domingo, 25 de setembro de 2011
Três verdades
O encontro de dois seres resulta em dois novos-seres. Arranhões em corações, mentes e almas...
Não somos; estamos. E nos fazemos no encontro.
Se é possível dizer algo que de tal forma traduza toda verdade, não quero. Impossibilitaria o encontro entre os seres, pois há de ser sempre no encontro com o outro o caminho para a verdade...
Às vezes acho que tudo é encontro; as atividades e filmes marcados com amigos não são mais que meras desculpas para o encontro, a conversa, a partilha. Porque se é amizade, há de ter partilha...
“Não é o riso o melhor remédio, e sim a amizade”. Não direi a “boa amizade”, porque se é amizade então é boa.
Quando a doença das horas-leopardinas se alastra por todos os corações e esquecemos pra que vivemos, é no encontro do rosto-amigo que reside a cura. Só o encontro que dá sentido a tudo.
É só no outro que é possível se encontrar Deus.
Pelas linhas mal escritas, prossigo escrevendo. Não se diz “assim é” e “assim não é”, pois para quem é, é; e pra quem não é, não é. Mesmo que alguns se coloquem na altura de deuses e gritem: “ASSIM É!!! E ASSIM NÃO É”. Não há melhor nem pior, e sim caminho-verdades que escolhemos. O coração só abraça qualquer “verdade” em liberdade...
É necessária a morte do maniqueísmo para o reconhecimento da ambiguidade e assim reconhecer que há beleza nisso, pois assim é o homem: anjo e demonio, Cristo e Adão...
É preciso o encontro com o Totalmente Outro para entender que não é possivel se dizer tudo. As poucas palavras que dizemos não podem desvendar toda verdade, “seria mais fácil colocar todo o oceano dentro de um copo”.
Robson Freire
sábado, 3 de setembro de 2011
Sobre a falta de alteridade em nosso tempo
Uma vez vi o preconceito gritar do alto de um monte: Meu nome é “Preconceito”, Vocês podem me chamar “Verdade Absoluta”. Sou famoso pela marginalização de pessoas, por querer moldá-las aos meus pensamentos.
Sou conhecido por travar inúmeras guerras, por provocar inimizades entre pessoas, entre pais e filhos.
A partir de sua fé cega em mim assassinaremos milhares por causa de sua cor, de sua religião ou falta de religião, sexualidade, pensamentos, vertente política e até cientifica.
Quem frequenta meus templos tem de seguir minha lei maior: “A Hipocrisia”.
Te piso porque te amo,
te excluo porque te amo,
te cuspo porque te amo.
Não aguentei e gritei: “Por favor, me ame menos, me ame menos!” E logo depois vi o “Preconceito” correndo em direção ao coração dos homens...
Os detentores da lei dizem que não podemos conhecer a verdade e que nossa confiança é mentirosa e que somente eles as tem. Tudo bem, respeito a falta de confiança, mas pelos menos é possível o respeito?
Às vezes acho que nos perdemos na defesa da "verdade". Mentimos compulsivamente em nome dela. Achei que a verdade produziria vida, mas vejo que essa tal “verdade absoluta” produz morte.
“Para todos, em todos”. “Eu e Tu”. “O outro”: diferente de mim e o “outro Totalmente Outro”. Idolatria de nossos tempos!
Penso que quando falamos em nome de "deus" muitas das vezes estamos falando de ídolos ou falando de nós mesmos...
E minha boca sussurra: “Freud tinha razão”. É e sempre será pura ilusão esse amor ideológico que exclui, mata, estupra e nos separa. Definitivamente não perguntarei mais ao padeiro e ao açogueiro sua religião.
Hoje creio que os budistas podem ajudar os cristãos a serem bons cristãos e que os cristãos podem ajudar os budistas a serem bons budistas. Creio que toda língua confessará que somos todos irmãos!
Robson Freire