quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Jesus o Gonçalense

O Governado Cabra Serginiano decretou no seu governo o recenseamento de todas as famílias do estado. Todos tinham que ir ao centro da cidade... E de manhã bem cedo, Maria e José saem de São Gonçalo e vão para o recenseamento. Ao chegarem, encontram muito tumulto, pessoas de todo o estado estavam ali. Passaram o dia todo na fila até conseguirem se recadastrar.

Maria, com uma barriga enorme de 9 meses, caminhava bem devagar. Vendo José que não teria como voltar pra casa por causa da greve dos ônibus que se instalou na cidade e que Maria podia dar à luz a qualquer momento, decidiu procurar um hotelzinho onde pudessem passar a noite. Foram de hotel em hotel, e a resposta era sempre a mesma: NÃO HÁ VAGAS!

Avistaram um hotelzinho e foram lá tentar a sorte. Uma recepcionista foi logo falando de forma abrupta: Estamos lotados!

José: Senhora, minha esposa está grávida...

Recepcionista (interrompendo): se ela está grávida, então o que precisa é de um hospital, e não um hotel. (mais grossa ainda) Lamento, não há vagas!

José: Obrigado, senhora!

E seguiram a caminhada. Maria começou a sentir dores e José a levou ao hospital mais próximo. Deparou-se com uma fila gigantesca, e um dos seguranças gritou: NÃO HÁ MÉDICOS!

Maria (com lágrimas nos olhos): e agora José?!

José a acaricia no rosto e diz: Vai dar tudo certo, Nega.

Caminharam em busca de outro hospital; começou a chover muito forte e Maria não aguentava mais andar. Buscaram então abrigo embaixo de um viaduto. José recolheu papelões e improvisou uma cama. Mendigos que dormiam ali acordaram com os gritos de Maria e os ajudaram como puderam. E foi assim, desse jeitinho, que nasceu o personagem principal e real de nossa história: Jesus, o Gonçalense...

Ele foi crescendo em tamanho e sabedoria até alcançar a maioridade, e percebendo sempre a condição em que se encontrava seu povo, de profunda exploração e miséria.

***

Um dia Jesus, o Gonçalense, vê sua mãe lavar roupas conversando com as vizinhas e descobre que seu primo João, mais conhecido como "o hippie", estava na Praia da Luz com um grupo que vivia em comunidade. Conversando com ele, o achou duro demais e bastante severo. Jesus tinha no mais íntimo a imagem de um Deus que fosse amoroso, mais preocupado com o homem do que com o ascetismo de uma religião.

Com o passar do tempo, Jesus vai percebendo cada vez mais o sentido de sua existência; cresce na sua relação com Deus e se envolve profundamente com as causas de seu povo.

Ele ouve falar que seu primo João discursa todos os dias na praia da Luz e vai até lá, onde é batizado e inicia sua vida pública.

Diz João, o "hippie": Este é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo...

Nesse dia, o Gonçalense ganha dois seguidores, que testemunharam seu batismo. Ele apelidou os dois irmãos de “filhos do trovão”...

Assim tem início as caminhadas de cidade em cidade, de casa em casa, fazendo companheiros e admiradores...

***

Disse o Inquisidor do estado: Esse tal de Jesus Gonçalense é por demais ousado... Ao invés de dar leis pras pessoas viverem, como elas mesmas esperavam, ele lhes dá a liberdade. Dá o que há de mais perigoso...

Jesus, o Gonçalense, subverteu a ordem vigente. “Como pode alguém que nasceu em São Gonçalo ser rei ou presidente? Um simples catador de papelão!”, zombavam.

“Sai alguma coisa boa de São Gonçalo?”, gritavam os religiosos.

Jesus, ouvindo o que os religiosos e políticos corruptos falavam, levantou-se no meio da Praça da Marisa e discursou para os camelôs e as pessoas que passavam por ali: No meu reino, as prostitutas, os homossexuais, os pobres, as crianças, os velhos e todos os menosprezados e marginalizados são os primeiros, e o maior é aquele que serve...

Ele falava de um tempo novo, que nasce no agora; onde o outro é o outro e os homens e mulheres vivem de forma integral a sua humanidade. E dizia: Esse tempo se constrói no dia a dia, na expressão de sua liberdade.

Ele anunciava uma nova forma de sociedade, em que a solidariedade e a busca pela justiça resultam na erradicação da miséria, da fome, e de todo tipo de preconceito. Ninguém mais vive apenas para si, mas para e com o outro, sem anular a sua própria identidade. Cada um desempenha papel insubstituível na construção dessa comunidade planetária, em que a beleza e a alegria são coletivas, e os recursos estão à disposição de todos.

Nesse reino, a lei que governa é o amor.

Esse Jesus, o Gonçalense, era um rebelde, político e alguns até o chamavam de beberrão... Denunciou os políticos corruptos e os caciques da má vontade, que com tantas regras e leis que inventam, acabam afastando o povo de Deus. E anunciou que quem quiser ver Deus é só olhar pro outro e que esse era o caminho pra se chegar a Deus.

Anunciou que Deus não estava ali pra apontar pecados e fazer acusações, mas estava muito mais preocupado com o ser humano, olhando mais pra o bem que o homem faz do que para o mal. Mas em momento algum Jesus tapou o sol com a peneira. Ele falou ao coração do povo e o povo falou ao seu coração.

Anunciou bem alto pra quem quis ouvir que ele era “Deus de Deus”, um Deus tão apaixonado pelo homem que se fez homem...

Mergulhou no mais profundo do ser humano.

Mergulhou numa cultura, num tempo, numa história.

Ele tinha cor,

Raça e

Religião...

Ele chorou, suou, comeu, bebeu, dançou, se entristeceu, sorriu, pensou, brincou: ele foi homem.

E como consequência de seu engajamento político e da forma com que ousava falar de Deus, foi preso e torturado até a morte, morte de cruz.

Ao terceiro dia, ressuscitou.

É muito importante a sua ressurreição, porque ele morrendo, morria junto a utopia que ele anunciou, mas ele ressurge dos mortos dando vida e esperança a todos nós. Assim, a esperança não morre, mas ela tem o poder de ressuscitar sonhos mortos.

Olhar para a cruz é olhar para a Utopia anunciada por Jesus o Gonçalense.
Olhar para a cruz tem sentido para aqueles que ouviram suas palavras de um dia melhor, mas esse dia começa no agora, na forma de se relacionar com o outro, com Deus, com a natureza e consigo mesmo, fazendo de cada um o protagonista de sua história.

Todo aquele que acredita em mudanças e em um outro mundo possível se faz participante desta utopia. E ainda que utopia signifique um “lugar sem lugar”, que sejamos nós este lugar; sejamos moradas de sonhos.

Eu creio na ressurreição dos mortos!

Robson Freire e Aline Bentes

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Coisa de Bobo

Ontem veio um vaga-lume de bunda acesa vaga-lumiar o meu quarto
e fiquei por minutos fora de mim,
pensando sobre a luz daquele vaga-lume...
Me perguntei: quanto tempo ele vive? Por que a bunda acende? Por que ele se chama vaga-lume? E por que ele veio no meu quarto trazendo tantas perguntas?!
Eu não tinha as respostas; "Depois pesquiso no Google" me prometi; e não pesquisei...

Eu prometo coisas pra mim mesmo, e na hora prometida não é falsa a promessa.
Mas entre uma decisão emotiva e uma decisão amadurecida pelo tempo há uma grande distância.

Verdade se conjuga no tempo.
Uma verdade se mostra verdade no cotidiano; é a prova-real...

Quantas vezes em minha vida fiz promessas que não cumpri?
Quantas vezes menti, menti pra mim mesmo?!

Já acreditei em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, e confesso, até na Xuxa...

Mas hoje me iludo com um ídolo mais perigoso: eu mesmo...
Me perco em mim mesmo, em mim mesmo me acho... Cheguei há um tempo a pensar que estava ficando louco...

Loucura é perder-se dentro de si mesmo?

Dizem que o primeiro passo para a cura é admitir que se está doente...

Às vezes acho que é pura masturbação mental...

Aquele que permanece a olhar fixamente pra um objeto tende a ficar cego do todo a sua volta...

Vaga-lumiei comigo mesmo:

Esse sentimento podre, moribundo e barato de que, se tivermos muita força de vontade e trabalharmos duro, “iremos vencer na vida”, acho eu que é a forma muito da bem elaborada que encontraram para iludir o escravo de que um dia ele pode vir a ser patrão...

Será que é o que faz o escravo aceitar com mais leveza o estado de escravidão? Esse sentimento positivista cego não cabe mais em mim.

É ilusória e diabólica essa prosperidade financeira que se vende na tevê travestida de religião...

Eu até entendo que o que esses caciques da tevê oferecem é na verdade o mínimo que um ser humano devia ter para uma vida digna.

Um dia desses uma cidade muito distante foi sitiada por traficantes fortemente armados (não se preocupem, foi numa terra muito, muito distante...) Mas voltando à nossa estorinha, depois que soldados supostamente colocaram os bandidos pra correr, os Caciques, em um de seus programas de tevê, perguntavam em uma enquete "de quem era o maior prejuízo”, ou seja, eles estavam mais preocupados com os números do que com as pessoas. Estavam bem longe do cristianismo que Jesus, o Gonçalense, anunciou...

Não seria papel deles levar um conforto espiritual?! Me pareciam mais preocupados com o “prejuízo financeiro”...

O que há de mais grave nisso é que o povo é tendencioso a absolutizar o erro de alguns como erro de todos. Aí, passa-se a achar que todos os policiais são corruptos, que todos políticos não prestam, que todos os advogados são carniceiros, que todos os cristãos são alienados...

Religião não é coisa de bobos; bobice é coisa de gente e gente boba tem em todo lugar, seja na igreja dos crentes, na igreja dos ateus ou até na igreja dos agnósticos dos últimos dias...

Eu termino fazendo mais uma promessa, talvez a mais fácil de cumprir:

não vejo mais programa de Caciques...


Robson Freire

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Prisão das Palavras

Eu busco entender, mas confesso, não entendo; Tento falar e confesso, não consigo.

Eu busco escrever e não sai aqui escrito o que realmente sinto.

De volta ao telefone sem fio dentro de mim...

Mas eu tento; mais pela necessidade de trabalhar o que sinto
do que para trazer uma clara expressão do que sinto... Ah, são esses sentimentos de novo...

Dormir sem ter hora para acordar...
Fuga uterina, mala educación?

Quando pensamos deixamos de viver?
Se eu tiver vontade de chorar, poderei chorar?
E quando eu me mostrar sem máscaras você vai me aceitar?
Eu fico nu perante o espelho de minha alma; é quando silêncio preenche todas lacunas...

Ontem encontrei coisas perdidas e coloquei em lugares perdidos.
Hoje perdido em meio a palavras ouço gritos e suspiros de alivio.
Qual o sentindo mais profundo? O que nos faz viver?

Nós temos mãos que não acariciam,
bocas que não comunicam,
ouvidos que não ouvem,
braços que não abraçam,
e pernas que não andam...

Quando meu pássaro azul voa pra longe, eu me me chamo “falta”,
e o pensamento de ida sem volta me dilacera em pequenos aipins;
eu não sei falar,
não sei escrever,
e não sei amar...

Alguém aceita um ser que admite que não sabe amar?

Quando ousares partilhar de ti mesmo verás quem te aceita de verdade...
Fala-se da verdade como se ela não incomodasse.
Fala-se da mentira como se ninguém a usasse.
Eu sou talvez boa parte mentira e é ela a parte de mim vista e que talvez todos desejam.

Que bobo que sou. Achando estar entre amigos, ousei partilhar de mim. Me mostrei como confissão real e mostrei a minha verdade, a parte de mim que não era maquiagem;
e eu, tolo, esperei abraços e para minha surpresa, fui riscado em traços e colocado em pratos para ser devorado; e ouvi a acusação: FALSO!

Logo depois depois percebi de súbito que estava fora da caverna. Talvez nem quisesse sair de lá... Era a decisão: EXCLUSÃO!

Excluído pelos gansos obesos e paralíticos que se acostumaram com a prisão feita de palavras.

Estou perdendo peso pra voltar a voar...


Robson Freire

sábado, 13 de novembro de 2010

Oxalá

Ele cá mora, por mim anda,
perpassa as trilhas do meu ser
e faz de palavras parábolas...

Consegue curar minha língua travada: pra Deus e pro Mundo...
Retira minha cegueira,
me propõe viver liberto da lei
e voar pelas asas da liberdade...

Quero voar bem alto
com outros pássaros azuis, verdes, brancos, roxos e coloridos...

Ele grita: “Ninguém se fará senhor do outro.
O maior é o que lava pés
e o menor nessa terra se chama rei.

Ele me abraça e dança comigo um funk,
cantarola as músicas de Bituca pra me fazer dormir,
me fala de um dia chamado hoje
onde o leão será abraçado pela criança,
o ladrão será o primero da casa,
e o corrupto tem sempre os erros perdoados,
porque está entre pessoas que reconhecem que não são melhores que eles;
as mulheres não são mais produto,
são livres para serem,

e as crianças podem ser apenas crianças, livres da pureza...

O homem pode beijar e acariciar o outro sem medo de ser discriminado por isso,
pois já sabe que não é na ausência de afetividade que habita sua masculinidade e sim nisso:
em dar carinho e amar a todos
pois eles reconhecem e abraçam sua dimensão afetiva...

Os pastores usam seu cajados não mais pra machucarem as ovelhas
mas pra realmente espantarem os lobos.

Ninguém mais fala: “Assim diz o senhor!”

Deus está no outro:
quem encontra Deus no outro realmente encontrou a Deus,
mas quem encontra Deus longe do outro,
Deus me permita longe estar desse deus,
pois é deus dos abismos,
das separações,
da opressão,
da verdade imposta...


Oxalá, Mãe. Olaxa, Pai. Oxalá!


Robson Freire

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O Espectador e a Bailarina - II

Amigo Espectador, oi!

Eu também partilho de sua insônia. Dizem que a noite é dos poetas, boêmios, artistas e pensadores. Se isso é verdade, não sei; mas se parece com você.

Você sempre consegue escrever aquilo que só consigo sentir. Sinto saudades de nossas conversas soltas pelas ruas. Nossos banhos de chuva. Sempre me alegro em saber que muitos de seus textos são resultado de nossas conversas banhadas de devaneios.

Algo que tem me intrigado são meus sonhos. Tenho tido sonhos de forte significado, e você estava em um deles. Nesse sonho você e eu dançávamos na pontas do pés, em cima de pontas agudas de um portão de ferro. Ainda não entendi o significado mas achei muito bonito.

Você disse que pensou em mim e que logo em seguida escreveu acerca da imagem que fazemos dos outros. Minha pergunta é: qual imagem você faz de mim?

Com sua carta, fez nascer em mim perguntas: quem sou? Qual caminho seguir nessa existência? E se preciso saber quem sou para seguir? Você me leva a pensar e repensar. Lembrei com isso de minha adolescência e de minha mãe falando dela.

Minha mãe parece que viveu a minha adolescência mais do que eu mesma. Lembrei que sempre que ela conta as velhas estórias, ela acaba tirando ou acrescentando um fato novo. Então cheguei à conclusão de que não se deve confiar na memória.

Não se lembrar do que se pensava antes, não seria então não ter uma total e clara percepção do entendimento de quem se é?

Reconhecer que não se conhece é assustador de mais.

Você sempre me leva a refletir, e de certa forma isso me dá medo, e ao mesmo tempo desperta algo dentro de mim que me instiga e me deixa curiosa. Leva-me a querer ouvir mais, a querer ler mais.Talvez com suas palavras e escrita você tire meu chão, as poucas certezas que tenho.

Quando era adolescente, buscava entender quem eu era. Sempre levei tudo muito a sério, e passei por ela sem saber e hoje percebo quem eu era. Já não sou mais adolescente agora, ou seja, quando percebemos quem somos ou achamos que sabemos, o tempo passa e já não somos mais ou não percebemos mais?

Fiquei pensando nisso, será que estamos destinados a perceber algo e entender quando já não somos mais?

Percebi que quando se pergunta a uma pessoa quem ela é, ela responde o que ela faz ou o que deseja fazer. Somos nosso ofício? E me achei muito pequena diante disso, pois somos o que fazemos. Nesse momento me senti sem muito sentido.

E somos também o desejo de fazer algo (sonhos), e esse se faz mais amedrontador ainda, pois se não alcançarmos o objetivo, então seremos um nada não alcançado, um fracasso e se alcançarmos o objetivo isso também me amedronta, findaria o sentido de nossa existência, pois já o alcançamos. Poderíamos ter outros desejos e corre atrás deles e depois de outros, nossa existência seria reduzida a uma única palavra: desejo (hedonismo).

A vida toda se resumiria a isso, e realmente isso é ilusão, tudo ilusão. (Quem disse foi Salomão, não fui eu, ele chegou a esse pensamento antes de mim.)

Então, se percebemos esta condição em que estamos, temos a opção de sair ou permanecer na caverna, mas será uma escolha consciente. E se escolhermos sair, como seria? Pensei em Deus; não há um que em sua existência não tenha pensado sobre.

Se o homem criou Deus, então o homem é Deus. Mas se foi Deus quem criou o homem, então estamos cometendo um erro.

Se o homem não se conhece, como pode conhecer o outro?

Acho que te deixo mais perguntas do que respostas, mais lacunas... Fico por aqui aguardando seu retorno. Me ligue assim que der, sua falta é grande.


Bailarina

(Trecho de "O Espectador e a Bailarina" )

Robson Freire

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O Espectador e a Bailarina - I

Amiga bailarina, oi!

São 03:55AM, mais uma vez não consigo dormir...

Cheguei há pouco de uma festa, até que me diverti... Como sempre, me senti um espectador e não uma personagem dessa peça maior que é a vida. Sempre me excluo da cena que acontece e observo as personagens — meus amigos falando, rindo, dançando, etc. Eu gosto de observar a relação entre eles, a forma em que acontece. Por isso me sinto fora de cena.

Está um frio gostoso, o rádio toca algo do Gilberto Gil. Meu corpo está esgotado, mas minha mente não para e bem que queria dormir um pouco.

Minha cama foi invadida por formigas, que picaram até meu sovaco. Tentei dormir assim mesmo e rodei para lá, rodei para cá, e então chegaram os pensamentos. Pensei: faz tempo que não paro para refletir; e achei até certo ponto bom, pois difícil é fugir de todas as perguntas da mente.

Então veio você em meus pensamentos. Pensei: criamos uma imagem das pessoas e as vemos por um prisma, mas isso não quer dizer que a pessoa seja o que vemos ou achamos que vemos. Será que ela é o que se deixa ver e não o que é? Não conhecemos o outro, apenas tentamos entender, a partir do que somos e cremos. Isso é uma visão falha. Mas como o outro se vê? Como ele deseja ser visto? E como é que devemos ser?

Na verdade criamos convenções de uma forma inconsciente ou consciente.

Criamos essa imagem até certo ponto, e achamos que é uma falta de honestidade ou personalidade se a pessoa quebrar ou romper com a imagem que criamos. E acabamos por esquecer que nós mudamos e os outros também. Esperamos ações e posições sobre-humanas das pessoas. Devemos enxergá-las como simples humanos, mas só conseguimos fazê-lo deste modo, e aceitar ou pedir que entendam os erros, quando esse "outro" somos nós.

Loucura tudo isso, né? Bem, eu e meus pensamentos... Quem nos quer? Quem nos entende? Acho que nem eu!

Fiquei feliz com suas palavras: “eu presto atenção em tudo que você fala”. Nesse momento me senti a pessoa mais importante do mundo!


Agradeço sua imagem que me possibilitou essa escrita.

Aguardo retorno.

Espectador.


Robson Freire

(Trecho de "O Espectador e a Bailarina" )

sábado, 23 de outubro de 2010

Jongo Folha de Amendoeira

Ó só... Dia 1° de novembro (véspera de feriado) o grupo de jongo (Jongo Folha de Amendoeira) do qual faço parte, fará uma bela roda num evento chamado ''Arte Jovem'', no Espaço Convés. A roda é aberta, é só chegar, e cantar, e dançar, e brincar com a gente!

Local: Espaço Convés (Rua Cel Tamarindo 137, Gragoatá – Niterói - RJ). Horário: A partir das 20 hs. Ingresso: R$1,99.

''O JONGO é uma dança de origem africana que veio para o Brasil no período colonial, se instalou no Vale do Paraíba que contempla os quatro estados do Sudeste. Ele vislumbra a integração de todos através de elementos como os tambores, a roda, e os pontos: cantos metafóricos que serviam como mecanismos de denúncia a respeito do que se passava nas senzalas, estratégia de fugas, emboscadas, etc. (...)''

Vamos?! Então é isso, e mais não digo, um beijo estalado no buraco do ouvido!


Carolina Oliveira

sábado, 16 de outubro de 2010

Chegada e Par - tida

Vou,

volto,

ReVoLtO,

retomo,

cor - to,

re - cor - to, p - i - c - o e colo,

palavras!


A um encontro e desencontro no
desdobrar de falas...

Transcender,

romper.

Ordem,

crise,

superação,

nova ordem...

Necessidade humana,

sou lápis e papel.

Sou mais pergunta que resposta,

mais duvida que certeza.

Sou, não pronto me fazendo.


Robson Freire

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Eleições 2010 e os Aproveitadores da Boa Fé e da Credulidade Evangélica

Rev. Sandro Amadeu Cerveira (02/10/10)

Talvez eu tenha falhado como pastor nestas eleições. Digo isso porque estou com a impressão de ter feito pouco para desconstruir ou no pelo menos problematizar a onda de boataria e os posicionamentos “ungidos” de alguns caciques evangélicos. [1]
Talvez o mais grotesco tenham sido os emails e “vídeos” afirmando que votar em Dilma e no PT seria o mesmo que apoiar uma conspiração que mataria Dilma (por meios sobrenaturais) assim que fosse eleita e logo a seguir implantaria no Brasil uma ditadura comunista-luciferiana pelas mãos do filho de Michel Temer. Em outras o próprio Temer seria o satanista mor. Confesso que não respondi publicamente esse tipo de mensagem por acreditar que tamanha absurdo seria rejeitada pelo bom senso de meus irmãos evangélicos. Para além da “viagem” do conteúdo a absoluta falta de fontes e provas para estas “notícias” deveria ter levado (acreditei) as pessoas de boa fé a pelo menos desconfiar destas graves acusações infundadas. [2]

A candidata Marina Silva, uma evangélica da Assembléia de Deus, até onde se sabe sem qualquer mancha em sua biografia, também não saiu ilesa. Várias denominações evangélicas antes fervorosas defensoras de um “candidato evangélico” a presidência da república simplesmente ignoraram esta assembleiana de longa data.

Como se não bastasse, Marina foi também acusada pelo pastor Silas Malafaia de ser “dissimulada”, “pior do que o ímpio” e defender, (segundo ele), um plebiscito sobre o aborto. Surpreende como um líder da inteligência de Malafaia declare seu apoio a Marina em um dia, mude de voto três dias depois e à apenas 6 dias das eleições desconheça as proposições de sua irmã na fé.

De fato Marina Silva afirmou (desde cedo na campanha, diga-se de passagem) que “casos de alta complexidade cultural, moral, social e espiritual como esses, (aborto e maconha) deveriam ser debatidos pela sociedade na forma de plebiscito” [3], mas de fato não disse que uma vez eleita ela convocaria esse plebiscito.

O mais surpreendentemente, porém foi o absoluto silêncio quanto ao candidato José Serra. O candidato tucano foi curiosamente poupado. Somente a campanha adversária lembrou que foi ele, Serra a trazer o aborto para dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) [4]. Enquanto ministro da saúde o candidato do PSDB assinou em 1998 a norma técnica do SUS ordenando regras para fazer abortos previstos em lei, até o 5º mês de gravidez [5]. Fiquei intrigado que nenhum colega pastor absolutamente contra o aborto tenha se dignado a me avisar desta “barbaridade”.

Também foi de estranhar que nenhum pastor preocupado com a legalização das drogas tenha disparado uma enxurrada de-mails alertando os evangélicos de que o presidente de honra do PSDB, e ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso defenda a descriminalização da posse de maconha para o consumo pessoal [6].

Por fim nem Malafaia, nem os boateiros de plantão tiveram interesse em dar visibilidade a noticia veiculada pelo jornal a Folha de São Paulo (Edição eletrônica de 21/06/10) nos alertando para o fato de que “O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, afirmou nesta segunda-feira ser a favor da união civil e da adoção de crianças por casais homossexuais.” [7]

Depois de tudo isso é razoável desconfiar que o problema não esteja realmente na posição que os candidatos tenham sobre o aborto, união civil e adoção de crianças por homossexuais ou ainda a descriminalização da maconha. Se o problema fosse realmente o comprometimento dos candidatos e seus partidos com as questões acima os líderes evangélicos que abominam estas propostas não teriam alternativa.

A única postura coerente seria então pregar o voto nulo, branco ou ainda a ausência justificada. Se tivessem realmente a coragem que aparentam em suas bravatas televisivas deveriam convocar um boicote às eleições. Um gigantesco protesto a-partidário denunciando o fato de que nenhum dos candidatos com chances de ser eleitos tenha realmente se comprometido de forma clara e inequívoca com os valores evangélicos. Fazer uma denuncia seletiva de quem esta comprometido com a “iniqüidade” é, no mínimo, desonesto.

Falar mal de candidato A e beneficiar B por tabela (sendo que B está igualmente comprometido com os mesmo “problemas”) é muito fácil. Difícil é se arriscar num ato conseqüente de desobediência civil como fez Luther King quando entendeu que as leis de seu país eram iníquas.

Termino dizendo que não deixarei de votar nestas eleições.

Não o farei por ter alguma esperança de que o Estado brasileiro transforme nossos costumes e percepções morais em lei criminalizando o que consideramos pecado. Aliás tenho verdadeiro pavor de abrir esse precedente.

Não o farei porque acredite que a pessoa em quem votarei seja católica, cristã ou evangélica e isso vá “abençoar” o Brasil. Sei, como lembrou o apóstolo Paulo, que se agisse assim teria de sair do mundo.

Votarei consciente de que os temas aqui mencionados (união civil de pessoas do mesmo sexo, descriminalização do aborto, descriminalização de algumas drogas entre outras polêmicas) não serão resolvidos pelo presidente ou presidenta da república. Como qualquer pessoa informada sobre o tema, sei que assuntos assim devem ser discutidos pela sociedade civil, pelo legislativo e eventualmente pelo judiciário (como foi o caso da lei de biossegurança) [8] com serenidade e racionalidade.

Votarei na pessoa que acredito representa o melhor projeto político para o Brasil levando em conta outras questões (aparentemente esquecidas pelos lideres evangélicos presentes na mídia) tais como distribuição de renda, justiça social, direitos humanos, tratamento digno para os profissionais da educação, entre outros temas. (Ver Mateus 25: 31-46) Estas questões até podem não interessar aos líderes evangélicos e cristãos em geral que já ascenderam à classe média alta, mas certamente tem toda a relevância para nossos irmãos mais pobres.

______________________

NOTAS

[1] As afirmações que faço ao longo deste texto estão baseadas em informações públicas e amplamente divulgadas pelos meios de comunicação. Apresento os links dos jornais e documentos utilizados para verificação.

[2] http://www.hospitaldalma.com/2010/07/o-cristao-verdadeiro-nao-deve-votar-na.html

[3]http://ultimosegundo.ig.com.br/eleicoes/marina+rebate+declaracoes+de+pastor+evangelico+silas+malafaia/n1237789584105.html
Ver também http://www1.folha.uol.com.br/poder/805644-lider-evangelico-ataca-marina-e-anuncia-apoio-a-serra.shtml

[4]http://blogdadilma.blog.br/2010/09/serra-e-o-unico-candidato-que-ja-assinou-ordens-para-fazer-abortos-quando-ministro-da-saude-2.html

[5] http://www.cfemea.org.br/pdf/normatecnicams.pdf

[6] http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=856843&tit=FHC-e-intelectuais-pedem-legalizacao-da-maconha

[7] http://www1.folha.uol.com.br/poder/754484-serra-se-diz-a-favor-da-uniao-civil-e-da-adocao-de-criancas-por-gays.shtml

[8] http://www.eclesia.com.br/revistadet1.asp?cod_artigos=206

Fonte: Segunda Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte (www.segundaigreja.org.br)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Abertura

Eu fui que fui,
Indo eu pulei, me joguei...
Olhem, à parte do que não é metade, eu sou todo e inteiro.
Me aceitem inteiro e todo assim, bem assim eu sou.
Não sou sua metade e você não é metade minha, somos em nós mesmos. Nos fazendo.
Eu te aceitei assim inteira, não minha metade mais inteira. Um inteiro e outro inteiro, em si mesmos.
Escolhido por escolha própria a companhia do outro.
Não sou resposta às suas orações e nem você às minhas.
Somos orações livres e resposta de nós mesmos.
Outro jamais será o que projetamos; o outro transcende a tudo isso e, por tudo isso, isso ele é: ser humanizando-se...
Sou amor livre, és amor livre...
Amor se dá em liberdade.
Eu canto cantos novos toda manhã para que o tédio não se entedie de minhas canções.
Eu quero uma canção nova, quero poesia erótica e erótica poesia. Quero que a rocha se liquefaça e quero que os absolutos se tornem lutos dos abusos tantas vezes esquecidos.
Quero prosear contigo.
Abaixo o machismo com tantos ismos, ismos que fazem de você palhaço do circo escondido na ponta de seu nariz.
Que toda menina e mulher sejam livres para serem o que são, menina e mulher; que de hoje em diante sejam livres todas as dimensões do ser e todo homem e mulher sejam livres para humanos serem.
Hoje digo bem alto em grito livre: a primeira vocação religiosa do homem e da mulher é humano ser.

Hoje quero flor de cheiro, e cheiro de flor. Quero rabisco no espelho.
Gotas molhadas,
Feijão chocolate,
Beijo da bicuda de beiço macio,
Voz baixa que se diz rouca quando acorda,
Abraço apertado.

Hoje o silêncio habitará comigo para encontrar a ti escondido embaixo de cada pedra e no canto de pássaros. Hoje quero que se desvele para mim, ó desconhecido.



Robson Freire

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O que não quero

Não quero que me digam como viver, quero descobrir vivendo.
Não quero que falem mal de mim, mas isso não posso cobrar, vivo falando mal de vocês...
Não quero casar, por enquanto só namorar; não é porque vocês decidiram casar cedo que também tenho.
Não quero que escolham por mim, quero fazer minhas próprias escolhas.
Não quero ver Deus como dizem que é, quero minha experiência pessoal, mas me alegro em te ouvir falando da sua.
Não quero saber tudo, mas quero saber algo.
Não quero pecar, mas acabo pecando.
Não quero ser guiado em uma religiosidade, mas me descubro religioso onde achava não ser.
Não quero ser preconceituoso, não quero mesmo.
Não quero que ninguém se imponha sobre mim, e prometo não me impor sobre ninguém.
“Todo ser é livre para livre ser...”
Não quero ter sempre razão.
Não quero alcançar essa imagem que me mostram de super-homem, não o “super-homem” de Nietzsche, mas o do mito cristão; quero me admitir humano e me aceitar humano, quero me humanizar antes de me santificar.
Não quero mais usar máscaras, já me basta todo trabalho que tenho pra restaurar a deformação provocada pelo uso de tantos anos da máscara.
Não quero o senso comum, quero a perversão do comum senso.
Não quero leis que se sobreponham à graça, quero a graça que sobreponha à lei.
Não quero a frieza dos templos, mas a dança desregrada dos profetas loucos das praças.
Não quero que me digam “Assim diz o Senhor”, pois o Senhor fala à consciência de cada um. Fala comigo Senhor!
Não quero ter títulos, mas se tiver quero que seja o de humano.


Robson Freire

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Senhorinha!

Ah, Maria
Quero bolo de cenoura
Acordar com beijos seus
Olhar-te com olhos de beijos
E beijos de olhos
Olhos beijos
Beijos olhos.

Pássaro da saudade.

"Eu já não sei, se sei de mim
Só sei de nós e todo mundo"
Cantar-te-ei coisas que aqui no peito choram
Choram gritos
Gritos choram
Chorar-te-ei em sua raiz
Pra nutrir o nosso amor.


Minhas mãos em sua pele fazem orações que ela entende
Minha boca ora coisas ao céu de sua boca
Onde deusa Maria mora
E ela entende minha oração.

Ah, Maria
Ouça seu fiel,
Nossa relação de paixão
E frenesi
Vontade de ser você
E de você ter em mim.
Quero tanto,
Tanto transmutar-me em mulher.

Minha mulher Maria
Quero-te mulher-santa
Santa Maria minha
Seja voz divina em meu ouvido
Responda minha oração-mão
Com carinhos em costas minhas.

Minha senhorinha dá-me a mão
E caminha comigo pra vida toda minha.
Que se quiser entrego de novo
Em todas suas dimensões
A ocê minha senhorinha.


Robson Freire

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Eu quero!

Não quero em partes, quero inteiro.
quero tudo e não metade
por que só sei querer assim
busco o infinito e só encontro o finito

Mas o querer não finda,
O fim do querer são os frutos de vida
da terra que espera a chuva bem-vinda

Bem dito seja fruto de vossa arvoré.
Feliz boca que feita pro fruto,
Feliz o fruto que foi feito para boca.

Assim é o meu querer, como fruto
Arrancado do pé em dia de Sol,
Me lambuzar em seu gosto,
Descobrir na fruta.
Descobrir seus frutos.
Faz-me em sorrisos.

Entendendo no outro,
Outro, Valor igual.

Deitado em seus braços-galhos,
Um abraço, abraçalhado.
Chuva que cai em mim
Molhando cada parte do meu corpo
Protegido por folhas suas,
Derramado em gotas.
Gozo de estar de ti em mim.

Pra ti abrir sempre um sorriso
quero amar só assim
Em gotas-de-chuva-gozo-que-é-motivo-de-todo-meu-sorriso.


Robson Freire

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Humano, desmedidamente humano

O que quero dizer pouco direi,
Do muito que falo poucas palavras de interiores.
A você que há tanto não vejo,
Que arranhou sobre minha pele uma história.

Quando olho para trás vendo sombras, danço com elas a dança da saudade.
Ao meu lado não é mais a mesma pessoa,
E ao futuro uma certa esperança sem nome.

Querer entender a importância do “si” pro outro,
Revelando assim minha fragilidade e contradição,
Sou Cristo e sou adão.

Sou morada de sonhos mortos,
No meio de tantas mortes há de se entender o surgir da vida, mesmo que de um verme que se arrasta se deliciando dos cadáveres das expectativas.

Quando todos correm em direção ao “deus da morte”, querer parar, olhar e aceitar o “presente”, sorrir na inocência da ignorância sabida.
As incertezas moram hoje todas comigo e propõem um diálogo de papel.

Perguntas gritadas.

Prosseguir por não conseguir visualizar-se fora da consciência de que existe um outro.
Entender que é preciso morrer pelo que se acredita, ou o que se acredita morre pela sua covardia de não dizer.

Diante da consciência do caminho da morte, optar pelo grito à vida.
E se por um segundo eu me deitar pra descansar queria que se deitasse comigo.
Peço que retribua o olhar, estou cansado de olhar pra cima.

Robson Freire

terça-feira, 23 de março de 2010

Agenda Cultural da Carola Quérol Carolina

23 de março, Quarta-feira:

*Marcio Hallack, piano. Centro Cultural Banco do Brasil/Teatro II, 12:30h. Série ''Música no museu''
Músicas de Ernesto Nazareth, João Pernambuco, Hermeto Pascoal e outros compositores.
GRÁTIS

*Acorda Zé! A comadre tá de pé!
Centro Cultural Banco do Brasil
11 Mar a 25 Abr
Local: Teatro III
Horário: Quarta a domingo, às 19h30.
O espetáculo encena o sonho simultâneo de dois personagens tipicamente brasileiros, mostrando os seus desejos, conflitos, crenças e costumes por meio da comicidade de suas travessuras, em um momento decisivo de suas vidas, quando o destino os coloca em xeque. Direção: Venício Fonseca. Elenco: Grupo Moitará
Duração: 60 minutos
R$ 10 (Quarta-feira o ingresso será 1kg de alimento não perecível para o programa Fome Zero - Que maravilha! Se eu fosse você, eu ia. Aliás, de qualquer forma, lá estarei.)


Na Quinta-feira, no Centro Cultural da Justiça Federal, terá de tudo, vai por mim! Soprano, mezzo, tenor, piano, bailarinos... Meu Cristo! Só coisa boa! 19H, Projeto ''Estação da Ópera''.
R$10 (Há meia entrada para estudantes e idosos).

E o programa para sexta-feira recomendado por mim é: Ler mais que os outros dias da semana. Que delícia!
Bem, e pra quem não gosta de ler: Música!
Deixo a minha humilde e de muito bom gosto, lapidar e preciosa dica: http://www.youtube.com/watch?v=0yPMdWxSxUg

E no sábado - 27 de março - a banda GUANABARA SKA CLUB + BANGARANG SOUND SYSTEM (dizem por aí que é a única festa de música jamaicana dos anos 60 no Rio) estarão ás 23H, na Casa De Jorge (R. do Rezende, 26 - Lapa) fazendo o povo remexer os esquelos.
R$ 12,00
Ps: Por mim a festinha já foi testada e aprovada!
Lista amiga no orkut: http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=46952897&tid=5447470543964560050&start=1

Domingo, dia 28/3, 21h
Shows: Canastra, Nervoso, Filhos da Judith, Rodrigos Santos, Doidivinas, Fuzzcas, Detrax, Mauk, Serginho Serra, Fernando Magalhães, e Billy Brandão.

+Dj Zé Otavio
+Discoteca Iê iê iê

Local: Estrela da Lapa - Rua Mem de Sá, 69 - Lapa (RJ)
Preço: $10 até 22 hrs. / $20 após.


Agora eu vou lá que já são 2:55 da madrugada, minhas memórias já estão passeando pelas vielas entre as encruzilhadas dos meus neurônios, rumo a Porta dos Sonhos. Espero que estes sejam doces e com cheiro de café fresquinho, pois a realidade, meus amigos, tá só com aquele gostinho amargo do final. Deixo vocês com a previsão do tempo: http://diasdedog.blogspot.com

Um beijo e um cheiro lá, no mamilo!

Carolina Oliveira

segunda-feira, 22 de março de 2010

A descoisificação do ser


Olha, parando para pensar um pouquinho,

Descoisifique-me, nos descoisificando, por favor!

Não sou objeto de seu prazer,

E nem você é objeto do meu.

Você “é” e eu “sou”, somos!

Mas não prontos,

Não terminados em nós mesmos,

Processo, processando, por favor!



Me toca e eu te toco, claro com permissão, sem permissão não meu amor, é crime!

Me marca e eu te marco,

Ambos marcados,

É parte de mim e eu parte de você agora.

Ando deixando partes de mim por ai, preciso ser mais cuidadoso, é um estado de espírito zumbi que me zumbizeia...



Mas sabe como, é, um desapego e um apego,

Uma abertura e uma casa.



Antropofagismo, palavrinha comprida que sempre que ouço meda fome de você.

Não fiquemos mais assim longe, divididos. Para longe de nós “dualismo” infernal, viva a unidade do ser, e que agora em diante nenhuma dimensão do ser seja maior que a outra.Que cada uma tenha seu lugar no ser reconhecido. Reforma agrária do ser, sim, é evidente a dualidade, viva a adversidade do ser em nós e que desate todos nóis que aprisionam a humanização do humano.



E por favor, alteridade, alteridade, por favor, eu sei que não é fácil reconhece a gostosura do outro, mas assim fica mais fácil de ele aceitar a sua lindinha (o).



Robson Freire

quarta-feira, 17 de março de 2010

Puto Comigo Mesmo


Meio a meio,

Meias esquecidas,

Partes deixadas para trás,

Coisas que não me fazem parte.

Prefiro escutar o silêncio,

Prefiro perdoar, mas confesso que quero xingar. Porra!

Agora me sinto mais liberto...

Estou cansado de ser maltratado, desprezado.

Hoje me deparei com a realidade amigos, ela é um espelho.

Estou partido em cores, estou em meio ao meio de mim e de todos nós.

Hoje acordei, confesso, desesperado e com o peso das contas a pagar,

E me levanto em busca de soluções e agora tenho menos um amigo

Por que? Por ser quem sou? E dizer o que penso? O que creio e como creio?

Hoje chorei mais uma vez, e enquanto relembro escrevendo, as lágrimas surgem e me molham a alma, não tive como fugir desses tais sentimentos e não ouve racionalismo que controla-se, retirou-me da racionalidade e a fez se afogar no lago dos meus olhos...


Me acho perdido e me perco me achando,

Já não acho saber de algo,

Já acho não saber algo,

Já acho não em mim mesmo,

Já não achando mais nada,

Jaz aqui um quase poeta,

Uma quase verdade,

Um quase virgem,

Um quase feliz,

Um quase artista,

Um quase ator,

Um quase professor,

Um quase filho,

Um quase amado,

Um quase qualquer coisa que se sabe saber ou se entende como qualquer coisa que se vê por ai,

Perdido, perdido,

Achado, achado,

Esquecido, esquecido,

Em meio ao meio, em meio ao meio,

Puto, puto!

Na lapide estará escrito: quase, quase...


Robson Freire